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As finanças comportamentais exploram como fatores psicológicos e emocionais influenciam a maneira como as pessoas tomam decisões financeiras.
Ao contrário da economia tradicional, que assume que os indivíduos são sempre racionais, as finanças comportamentais reconhecem que nossas decisões podem ser influenciadas por vieses cognitivos.
Estes são padrões de pensamento que podem nos levar a tomar decisões equivocadas, especialmente em relação a dinheiro.
Neste artigo, vamos abordar mais detalhes sobre o conceito e seus vieses cognitivos. Continue a leitura e saiba mais!
O que são as finanças comportamentais?
As finanças comportamentais são um campo de estudo que combina psicologia e economia para entender como as emoções e o comportamento humano influenciam as decisões financeiras.
Esse conceito desafia a ideia de que as pessoas agem sempre de maneira racional quando se trata de dinheiro, destacando como fatores emocionais como medo, confiança, empolgação, entre outros sentimentos, afetam quando é preciso agir em questões financeiras.
Essa área de estudo surgiu para explicar comportamentos que a teoria econômica clássica não conseguia justificar, como o motivo pelo qual as pessoas continuam investindo em ações que estão em queda ou têm dificuldades em economizar, mesmo estando cientes dos benefícios.
Assim, os estudos em finanças comportamentais focam na análise dos comportamentos dos investidores e no impacto que essas ações têm sobre as dinâmicas do mercado.
Quem foi Daniel Kahneman?
Daniel Kahneman é uma figura central nas finanças comportamentais. Psicólogo e ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 2002, Kahneman foi um dos pioneiros no estudo do pensamento humano, especialmente os vieses cognitivos.
Juntamente com seu colega Amos Tversky, ele desenvolveu a Teoria do Prospecto, em 1979. Essa pesquisa explora como as pessoas tomam decisões entre alternativas que envolvem risco, e por que tendem a valorizar mais a aversão à perda do que a busca por ganhos.
A partir desse estudo, Kahneman colheu informações relevantes, como:
- As pessoas tendem a exagerar a probabilidade de grandes perdas ou eventos raros, o que pode levar a decisões financeiras excessivamente conservadoras;
- A forma como uma decisão é apresentada influencia a escolha, mesmo que o conteúdo seja o mesmo;
- As pessoas sentem mais dor com perdas do que satisfação com ganhos de valor equivalente.
O que são os vieses cognitivos?
Os vieses cognitivos são basicamente “atalhos” que nosso cérebro usa para tomar decisões de forma rápida, mas nem sempre da maneira mais correta. Em vez de analisar todas as informações de forma lógica e cuidadosa, nossa mente simplifica o processo, o que pode nos levar a julgamentos errados.
Isso acontece porque nosso cérebro tenta economizar energia e tempo ao tomar decisões, especialmente quando estamos diante de muitas informações ou em situações de incerteza.
Nas finanças comportamentais, esses vieses podem influenciar como avaliamos riscos e tomamos decisões sobre dinheiro, nos fazendo cometer erros como comprar ou vender algo sem pensar com clareza.
Abaixo estão cinco dos principais vieses cognitivos que influenciam as decisões financeiras.
Efeito manada
O efeito manada ocorre quando as pessoas seguem decisões de um grande grupo, acreditando que, se todos estão fazendo algo, isso deve estar correto.
Esse comportamento é comum em mercados financeiros, onde os investidores podem comprar ou vender ativos porque “todo mundo está fazendo isso”, mesmo sem analisar os fundamentos.
O problema é que seguir a multidão pode levar a bolhas de mercado ou a vendas em pânico, o que é muito comum, resultando em perdas por influência das emoções.
Viés de confirmação
O viés de confirmação é a tendência de procurar ou interpretar informações que confirmam nossas crenças pré-existentes e ignorar ou minimizar possíveis afirmações que as contradizem.
Nas decisões financeiras, isso pode fazer com que os investidores escolham dados que apoiam suas expectativas de que um ativo vai se valorizar, enquanto ignoram sinais contrários.
Excesso de confiança
O excesso de confiança ocorre quando os investidores superestimam suas habilidades e conhecimentos, acreditando que são mais capazes de prever o mercado ou tomar boas decisões financeiras do que realmente são.
Esse viés pode levar a duvidar de riscos, optando por escolhas excessivamente arriscadas. Investidores excessivamente confiantes podem se expor a perdas maiores ao acreditar que têm controle ou entendimento superior sobre o mercado.
Aversão à perda
A aversão à perda é um dos vieses mais conhecidos, estudado por Daniel Kahneman. Esse viés descreve a tendência humana de sentir mais dor com uma perda do que prazer com um ganho equivalente.
Em termos financeiros, isso pode fazer com que os investidores evitem vender um ativo que está em queda, esperando que o valor se recupere, ou tomem decisões conservadoras demais, perdendo oportunidades de crescimento por medo de perder.
Viés de ancoragem
O viés de ancoragem é a tendência de depender excessivamente da primeira informação que recebemos (a âncora) ao tomar decisões subsequentes.
Nas finanças, isso pode acontecer quando os investidores baseiam suas decisões em preços ou acontecimentos passados, sem considerar as condições atuais do mercado e do contexto social.
Esse viés pode levar a expectativas irrealistas ou a manter investimentos por tempo excessivo.
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Autores importantes para o estudo de finanças comportamentais
Além do Kahneman, existem alguns outros autores importantes que contribuíram em pesquisas e obras sobre o assunto. Conheça os nomes abaixo:
Richard H. Thaler
Richard Thaler é um dos economistas mais influentes das finanças comportamentais e ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 2017.
Ele é conhecido por seu trabalho sobre comportamentos irracionais e como pequenas intervenções, ou “nudges”, podem auxiliar as pessoas a tomar decisões financeiras mais racionais.
Seu livro Nudge foi um marco na popularização das finanças comportamentais e no uso prático desses conceitos em políticas públicas e marketing.
Robert J. Shiller
Robert Shiller, Prêmio Nobel de Economia em 2013, é conhecido por seu trabalho sobre os fatores psicológicos que influenciam o comportamento dos investidores.
Ele investigou como o otimismo e o medo podem criar bolhas de mercado, como a bolha imobiliária dos EUA em 2008. Seu livro Irrational Exuberance se tornou uma referência sobre os riscos do comportamento irracional no mercado financeiro.
George Akerlof
George Akerlof é um economista renomado e também ganhador do Prêmio Nobel de Economia. Ele, com Robert Shiller, escreveu o livro Animal Spirits, que explora o papel da psicologia nas flutuações econômicas.
Akerlof ajudou a introduzir a ideia de que os “espíritos animais”, como emoções e confiança, têm um papel central na economia, influenciando o comportamento dos investidores e, consequentemente, o mercado.
Como os vieses cognitivos influenciam as decisões financeiras?
Os vieses cognitivos têm um impacto profundo nas decisões financeiras porque distorcem nossa percepção de risco e recompensa. Veja abaixo suas possíveis influências na prática:
Decisões rápidas e desinformadas
Os vieses cognitivos podem levar a decisões financeiras precipitadas, sem a devida análise, baseadas em influência externa ou pouca informação.
Afetar a compreensão do mercado
Os vieses distorcem a forma como interpretamos os sinais do mercado, fazendo com que ignoremos dados que contrariam nossas expectativas.
Decisões irracionais
A aversão à perda pode nos levar a manter investimentos em queda, evitando decisões lógicas por medo de realizar uma perda.
Preferência por recompensas imediatas
Escolher ganhos imediatos, mesmo com melhores oportunidades no futuro, pode comprometer o crescimento financeiro a longo prazo.
Inércia financeira
A resistência à mudança faz com que as pessoas mantenham hábitos financeiros ineficazes, bloqueando melhorias em suas estratégias de investimento.
Decisões inadequadas por medo e ansiedade
O medo de mudanças e a dependência de informações antigas (viés de ancoragem) resultam em escolhas financeiras ineficazes ou inadequadas.
Como mitigar os efeitos dos vieses cognitivos nas decisões financeiras?
Embora os vieses cognitivos sejam inerentes ao comportamento humano, é possível reduzir seus impactos nas decisões financeiras com algumas práticas:
Avaliar os ativos de forma objetiva
Em vez de se deixar levar pelas emoções ou tendências do mercado, é importante avaliar os ativos com base em dados reais e análises objetivas.
Considerar o valor de mercado atual e as perspectivas futuras
Basear suas decisões no valor atual de mercado e nas projeções futuras ajuda a evitar o viés de ancoragem, que pode fixar a atenção em valores passados.
Manter uma estratégia de investimento baseada em dados
Adotar uma abordagem estratégica e informada, fazendo investimentos de risco com consciência é uma ótima forma de usar dados ao seu favor.
Dimensionar os riscos existentes
Avaliar o risco de forma racional e dimensionar as possíveis consequências de cada decisão financeira pode ajudar a tomar escolhas mais equilibradas.
Como vimos, os vieses cognitivos fazem parte do comportamento humano e impactam as decisões financeiras. Conhecê-los e entender como funcionam é o primeiro passo para minimizar seus efeitos na tomada de decisões.
Agora que você já entendeu como os vieses cognitivos funcionam, confira o artigo completo que preparamos sobre perfil de investidor!